terça-feira, 25 de outubro de 2011

Entre Aspirações & Inspirações, Calções & Canções


Music is the melody whose text is the world.  
(Schopenhauer)


E o que é um compositor sem a caneta e o papel? 
O que é um compositor sem a madrugada? 
O que é um poeta sem o enebriamento;
ou ainda desnecessário, tal como a dor que a gente mesmo provoca.
Mais uma vez lhes digo, caros amigos desta boêmia:'
"Nada somos" e desse enebriamento 
(de longe dizendo somente de bebedeira,
mas daquilo que por muitos é considerado "insano" ou "pouco")
além de parasitas próprios : 
ferindo-nos e sugando o benefício de nosso próprio sangue:
a sangria de nós mesmos.
Dá-se por resultado e dele, um novo 'fim':
Colhem-se belas tulipas vermelhas
 que enfeitarão vasos de marfim, em noite de festa!



quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Um pedaço de carne chamado : Mulher.

"A mulher que se preocupa em evidenciar apenas sua beleza, ela própria anuncia não ter outro mérito"

 As vezes tenho a impressão de que quem está errada sou eu. Errada por lutar pelos meus direitos, errada por ter iluminado minha mente, errada por ter encontrado em mim algum valor: valor este só meu e que se chama viver por mim e lutar por aquilo que eu quero. Notem: que EU, Pessoa Única, quero.Nesses últimos tempos, nós todas temos sido chamadas ao feminismo, por conta dos estupros em Barão Geraldo: como alunas da UNICAMP, temos a oportunidade de nos politizar, raciocinar sobre o assunto, aprendermos a olhar para nós mesmas.Fazer o que bem queremos,nos independer,sermos,como por direito , donas de nós mesmas.Mas mesmo em nosso meio, há reflexo de nosso entorno social: somos todas vítimas de um estupro absurdo do qual, muitas de nossas colegas se sujeitam:A repressão masculina de ser "princesa", reprimir nosso desejo, não "dar na primeira noite", para que sejamos consideradas objetos de conquista, ver a companheira libertária como "puta" e julgá-la para que assim sejam boas "mulheres de" , "moças para se casar": o ápice de seu sucesso, não é sua profissão e sim, o seu "companheiro": como se a vitória dele bastasse, já que como um carro, ou uma casa, torna-se objeto do mesmo.Os homens, por sua vez, comandam tal atrocidade e vem assim mesmo. A "princesa" não mora em república, não fala alto, não tem opinião. É uma 'barbie' num país de belezas negras; mas quando a gatinha dorme, é com as ratazanas "cavalonas", como eles chamam, é que eles querem fazer a festa.Comem sua comida frente á corpos desnudos na internet, como se as devorassem; como se os corpos das mesmas estivessem em seus pratos.Essas, as da mídia, sabem a que papel se expõe e dizem mesmo que seu personagem é uma "bunda burra" - se sujeitam a serem tratadas assim: como gado - no chicote, cabresto e servirem apenas para o ensaio de uma reprodução.E se indagados: "Se vocês a veem como objeto, porque saem com elas?" - respondem prontamente : "Por que elas deixam, provocam e me satisfazem: são putas e servem para isso mesmo". (sendo que a própria "puta", não existe: o que existem são vaginas não mulheres que se subvertem á escravidão social e outras, mau caráter mesmo.) Vejam bem: esse argumento acima, parece com os dos advogados de defesa de estupradores: "Ela o provocou, ele a estuprou".-Ser inteligente, pensar, reagir é "broxante" - foi o que ouvi uma vez... (obviamente: pois assim é muito mais difícil controlar )de uma fêmea ouvi:- Você não pode assustar os homens, ou eles correm de você e você ficará sozinha....Acho que eu mesma prefiro fugir.Até quando terei de me enojar dessas conversas? Até quando nossa sociedade será tão hipócrita assim??? Até quando, ser livre, será ser "vadia" pejorativamente?Amanhã teremos uma festa em honra da liberdade da mulher em nossa Universidade... muitos e muitas ali estarão apenas pela farra... e até acharão estar apoiando a causa... até a primeira 'gostosa' passar em sua frente , ele a "abater" e não olhar para sua cara no dia seguinte.Ou até a outra encontrar uma transa e ser tachada invejosamente de 'puta'.O que fazer? Como abordar????Não sei...as vezes me sinto sem forças - abandonar simplesmente é não pensar no futuro... é não ajudar os iguais...Taalvez haja ao nosso lado, "companheiros de luta traidores" - que em nossa ausencia, veem se mentalmente colocando aquele belo pedaço de 'carne estrogenício' no espeto... e culpando a sua "masculinidade".Vou tentar dormir com essa coisa na cabeça... vou tentar não chorar pelas mulheres que não despertaram para o ser mulher; vou sofrer caladas pelas vítimas de estupro que se sentem no banco de réus - vou engolir meu vomito , causados pelos filhos da puta , que não respeitam aquela com hormônios iguais aos da santa que os pariu.Hoje , não há canção final, como de costume em meus posts... há silencio de luto e ranger de dentes sob um sepulcro caiado chamado inquisição ainda no século XXI.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Desmérito honroso

"O ser humano é cego para os próprios defeitos. Jamais um vilão do cinema mudo proclamou-se vilão. Nem o idiota se diz idiota. Os defeitos existem dentro de nós, ativos e militantes, mas inconfessos. Nunca vi um sujeito vir à boca de cena e anunciar, de testa erguida: - 'Senhoras e senhores, eu sou um canalha'." 
(Nelson Rodrigues)


Banho tomado, cabelos penteados, perfume manipulado exclusivamente para a minha pessoa mas se rasgardes minha barriga e olhares minhas entranhas, verás que dentro de mim há bile e bosta. Bile e bosta, prontas a serem expelidas depois de uma ressaca ou de uma "dor-de-barriga".
Sou estranhamente humana: cheia dos mais sordidos defeitos; e mesmo assim finjo não os ver; o meu orgulho me faz pisar em vossas cabeças quando encontro-me num "Eu Superior"; mas ao empinar o nariz, ver-se-á catotas verde-amareladas.
Há tanta cera nos meus ouvidos que sou incapaz de ouvir as besteiras que saem da minha boca, ou de ouvir as virtudes de outrem, já que outrora, as minhas, tão pequeninas já foram exaltadas.
O meu vocabulário culto, de perto é sucumbido pelo cheiro do mal hálito matinal.
Se calçar sandálias, verão meus dedos tortos e minhas unhas mal limpas.
E ainda assim, apego-me a vaidade.
Se há um pedido válido? Desculpe-me. Mas há desculpa? Não há mais desculpas. Nenhuma.
Cultivei cada um dos meus "Eu's porcos" por cada um de meus dias até hoje.
É chegada a hora de limpar o vômito, fazer uma lavagem,assoar as narinas, usar cotonetes, escovar os dentes e calar-se. Eximir-se da ação e partir apenas para o olhar para que se aprenda: pois mais valioso que o ensinamento é o silêncio, pois é nele que se reflete.
E nem essas palavras aqui descritas, já não passam mais do que chorume, do qual me lembuzei do mesmo e agora lavo os vossos rostos.
In-Felizmente, agora já não há mais máscara: a 'ninfa' desceu do Olimpo e mostrou tomou seu lugar no Hades, deliciando-se com carniça e lambendo seu suco entre os dedos. Está gorda, cheia de celulites, usando trapos, descabelada, coçando as 'partes'.
Onde estão pois os valores? Uso-me do lixo para a reciclagem; mas isso não significa que não deixo de ter minha parte lixo!
E não me apegarei ao lixo do outro. Não adianta: não fui eu quem fiz as compras do vizinho; logo, inda que a csta dele transborde mais do que a minha, não é em minha casa que os ratos comerão os restos da família dele.
E... minha cesta anda bem cheia...
BURRA! BURRA! BURRA! IGNORANTE!
Recomponha-se!

 
Pois bem, fidedigna á minha prórpia porcaria, defenderei aqui minha última chance, meu último momento de honra:

'Senhoras e senhores, (reconheço:) eu sou um canalha'. (clique para ouvir)

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Da desnecessidade da Palavra...


Diga-me que genes tens, e te direi como me vês ...


Melhor agir do que falar , e eu , na minha mudez, apenas agirei e não apenas.
Se eu disse - 'que haja luz'- na minha limitação, apenas exprimirei o desejo; mas se meu dedo tocar o interruptor, a lampada se acenderá e clareará o ambiente.
Toco, mastigo, abraço e pelo meu olhar, entender-se-á o meu desejo, sem que precises lê-lo.
Caminho até o meu objetivo, e sem pressa percorro a jornada; sem que precise dizer que almejo ser o vencedor.
Aniquilo o inimigo simplismente porque seu nome não me vem á boca; e não será preciso engolí-lo, pois é fato que minha língua não o provou ao paladar.
E sutil; naturalmente, a roda girará, e todo o maquinário começará a responder também.


No fim, o êxito e as ovações em quietude, trasnliterados num sorriso simultâneo;

e nos entenderemos assim: em terno silêncio, quebrado apenas pelo palpitar de corações. (clique para ouvir)

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Uma rosa com espinhos...

A mulher é um efeito deslumbrante da natureza.
(Arthur Schopenhauer)
 Hoje eu tive um dia peculiarmente estressante: notícias de estupro em minha comunidade que há tempos estavam aí... pra todo mundo ver: precisou acontecer mais um para sairmos da estagnação e botarmos a boca no trombone, criarmos 'atos', ofinas de "defesa pessoal" para mulheres etc.Também para desenterrarmos o velho assunto de sempre: essa questão chata e tediosa do gênero, sendo que a questão "segurança" segue para todos: tanto para estupro,furto etc; aquela encheção que nos permeia desde os tempos de que "o menino sai só, mas quando a irmã sair, o irmão acompanha..."
Enquanto eu me 'descabelava' com essas notícias, num dado momento, dei para reparar no meu dia: fiz as unhas, olhei promoções do grupon, marquei cabelereiro,ouvi música boa: bossa,samba,choro,falei com amigos pela internet,li um livro,comi frutas,mexi em partituras; e as fiz não porque são 'coisas de mulherzinha', mas porque são coisas das quais eu gosto,independente de condição ou não, ou se esperam isso de mim ou não, ou se gostam que eu o faça ou não; e que não tenho tempo para fazê-las com tanta calma,se não nas férias.
Na minha luta, enquanto mulher, não perdi a douçura de saber as notícias sobre a minha filhinha de 4 anos que está em férias na casa do genitor dela; nem de encher os olhos de lágrima quando passei muito tempo falando dela; acredito que tudo isso que eu fiz hoje também poderia ser feito por um homem; mas pelo fato de eu ter um útero e o homem ter escrotos, eu sou vista como uma "rosinha" e ele como um 'cavalo'.
Saibam pois meu senhores, que se "é" assim, a dona rosa que vos fala, representando aqui todas as mulheres em luta, tem lá siua delicadeza e o seu perfume, mas é cravejada em espinhos.
Não se assustem pela minahn pequena estatura e se o meu perfume tem "cheirinho de fruta"; antes disso, vou ao banheiro como todos vocês.
Sei me defender, sei em que tom eu devo gritar, sei pontos fracos para prostar um alguém.
Não nos olhe assim com cara de que somos indefesas; saiba que n'algum momento que o choro for de vocês, é uma mulher de verdade que estará lá para defendê-lo; e quem sabe até para "apagar" um mal-feitor - e aí quem sabe , é por nós quem vocês chamarão, "suas heroínas".
Não admirem-se da coragem, nem temam pela 'tolice' da mesma se vocês a julgarem como um intento contra a vida; nossos espinhos cortam, podem causar uma infecção e até leva-los a morte.
Um 'viva' para  a nossa força e não para nossa fraqueza (clique para ouvir).

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Para escrever sobre o amor.

Para Amanda Hornhardt:

É querer estar preso por vontade...
(Camões.)

Relembrando meus post, olhando para minhas canções e ouvindo outras de colegas, vi que a maioria delas são de 'fossa':  inda que não fossem as minhas: mas algumas até inspiradas numas que acompanehei ; talvez porque a 'fossa' seja um sentimento dolorido e por isso mesmo intenso.
Uma vez eu escrevi dizendo que queria começar a escrever "odes a alegria", falar sobre o cheiro das flores que eu senti, independente dos espinhos que tive de pisar.
Minha amiga, me ouvindo, acabou que me fez presenciar uma bela cena de fato: pegou uma caneta, um caderno, escreveuee, me puxou a folha e então pude ler assim:

"Quero escrever de tanto amor que sinto aqui dentro
e que essa seja uma canção sem descontentamento
pra provar que a felicidade traz tamebeém inspiração.
Minhas juras de amor não são banalidades,
e o peso das palavras nos torna ainda mais leve;
e minha felicidade não é prisão
é ter ao mesmo tempo o sonhar e a segurança;
a certeza da esperança:
construção."

Faço suas as minhas palavras, querida amiga:
Viva pos , tu, a tua história de amor com alegria, sua correspondencia,sua confiança, sua pureza; e que um dia, seja tamebém estas as minhas guias. Minhas e de um outro alguém que o mereça.  
E bendito são aqueles que assim esperam também. Amém. (clique para ouvir.)




terça-feira, 5 de julho de 2011

Amâno Vóisuncê!

"Todo homem apaixonado vira poeta."
(Platão)

"A poesia é a música da alma, e, sobretudo, de almas grandes e sentimentais."
(Voltaire)


Acurdei hoji pra mó di me'anrrumá pra labuta, tumei um café , mas suncê , logo cedo mia'perriava os pensamento.
Peguei uma câneta, u papér du pão i cumecei a iscrivinhá: num tinha mais fômi,prusquê o qui eu sinto pru vósuncê, já mi deixa sastisfeito; dus buchu chêio !
I, sucédeu qui'eu iscrivinhei ânsim:

"Arresorvi, tintregá o qui tênhu di mais valiôso: meu cunração.
I ele é dôce: feito cural de miô;
mais vósuncê, nem ligô.
Mi fêiz disfeita.
num quis nem atirá deli uma lasquinha!
E ói qu'eu dêxei: prusquê prá mim, tem dessa de têmpu não, nem di cumprumisso! Prusque a cumpanhia de vóisuncê já mi basta!
Mas ti digo: que vais sê meu di quarqué jeito, inda que seje na minha mênti.
Tanto faiz: prusquê é vóisuncê qui num sai daqui di drento du meu peito!
É voisuncê, qui num mi deixa posá disreito a nôite, inda qu'eu tenha qui levantá cus galo na manhã singuinte. É voisuncê criatura! Vóisuncê! Prusque si fosse eu, eu ti tirava daqui e prus diacho qui ti carrégue!
Mais, si suncê, hora o outra, achá ni mim, alguma graça, saiba pois, meu fiô.
Guardei pra suncê o mió:
Inda há muita maria-móli,quejadinha,brigadêro,bejim,bolu di fubá (feitu pela dona Maria que sô),cocadinha,pé-di-moça,pé-di-muléque i num só a mançã não, mas muuuuuuuuito amô nu meu cunração! Tudísso acumpanhadu d'um bom café muído na hora e um quejim da vaca du minêro, som di bicho,poente mais bunito da maió culina da fazenda,fuguêra,vióla caipira, umas canção que só suncê cunheceria,(prusquê hão di sê só sua!), meu mió cubértor di lã i trápu, qui'eu mesma cósturei e mióres prosa!Até u bânhu di sábado, eu aguardei pra quandu vóissuncê vinhésse!"

...Mais, sucédeu qui deu a hóra e suncê num veio...
I eu tive di carçá as butina,metê minhas 'spóra,pegá na inchada,calejá minhas mão di novu,cuspí nu chão,pisá in cima ,dexá di sê prenda : 
-Arrê! 
I sêgui a vida...
Qui sodadi d'ucê! (cliqui prá mó di ouvi...)