Primavera de 2006 - assim começa o romance temporão deminha saga como Mãe.
20 anos de idade e pasmem vocês uma boba. Muito diferente das minhas amigas que (graças a D'us) são muito bem informadas e resolvidas; pois se assim não fossem, eu mesma trataria de dar-lhes bons conselhos sobre orientação sexual e emancipação feminina.
Fui uma dessas que achava que ia se casar virgem: e ao ver-se grávida, pensei : "Acabou". Quando na verdade estava apenas começando.
Ver aquele teste de gravidez com "2 risquinhos" marcou o início de uma série de azias e enjoos intermináveis.
O almoço de meu casamento foi-se embora "goela acima" quando voltamos do cartório.
E se não bastasse as mudanças corporais, havia todoum trabalho de "crescer de fato" em minha cabeça que nào é toda màe que faz (é só um feto crescendo em você: não há nada de mágico nisso a não ser que você tenha a consciencia de fazê-lo assim.)
Mais ainda foi o meio em que vivia: o olhar de decepção de meus pais, é coisa que me dói de lembrar até hoje- e não era pelo filho, mas é que a gravidez é "delatora" : nào era mais uma menina "pura" - agora eu era a "puta" cujo todos sabiam que havia aberto as pernas.
Para tanto: um casamento forjado, um apartamento novo, e uma vida de faixada como tantas as outras.
Era ridículo: para a sociedade religiosa eu havia perdido a santidade "eternamente" como se houvesse cometido um crime de morte; para a outra sociedade, até mesmo quando o casamento acabou , ouvia o seguinte conselho: "não tire a aliança até a criança nascer: se não você será mal atendida nos lugares".
Ao meu lado, um "outro perdido", que não soube segurar a barra. E além falta de força externa, o alicerce mal feito internamente era ainda pior: ser xingada, agredida, espisinhada, humilhada por traição em cima de traição e manter-se quieta : parece tão absurdo, mas é o que o meio faz com agente: a burguesia inda vive o modelo de amor do século XVIII, logo, cale-se: você tem um marido e um filho: não vire um nada , uma "qualquer" - uma "Mãe Solteira" e sorria.
Fui ao mais baixo da submissão , sim , mas porque fui escravizada para tanto. E me envergonho disso hoje. Ao passo, que é conflituoso: meus colegas "revolucionarios" acham mais absurdo ainda eu ter é me casado: mas eu sei bem como foi duro: nem 5 mil linhas podem explicar o que passei.
A alegria de ver meu bebê no ultrassom (bebê que chamava de "David"- meu amado em hebraico, ja que o "primogenito" deveria ser menino , em minha cabeça) se misturava com a falta de apoio e o julgamento feito sobre mim.
Soube que era uma menina.
Aó veio a pressão das enfermeiras loucas do pré natal pelo parto normal: minha mãe perdeu a primeira filha graças a um parto "natural": a medicina está aí para ajudar a todas nós ~inclusive nós que precisamos de uma cesariana.
Fui uma mãe vegetariana e saudável: cudei muito de meu corpo, por amor ao corpinho dela.
Hoje até entendo um aborto: mas como segurei a barra e ,ao meu ver, não se trata de seu corpo, mas do de um 3o, acredito que não abortaria nem em caso de estupro. (mas essa é MINHA OPINIÃO para mim.)
Chegou pois o fim do Outono, 3 de junho. Voltei para casa de um almoço de domingo e eis que havia sangue escorrendo entre as pernas: entrei em desespero : me deem um desconto: eram 9 meses sem ver sangue algum: uma tia que só me liga quando "pressente" eventos, ligou e de fato: era chegada a hora.
Meu pai me levou ao hospital as 18h. Eu já podia sentir uma dorzinha chata nas costas e a cada lombada que ele fazia tinha vontade de xingar um novo palavrão. Minha mãe tirava fotos como louca e me mandava sorrir, mas o que eu queria mesmo era ranger os dentes.
Dia mais frio do ano e tive de ficar nua. As enfermeiras me amarram na cama como um cristo na cruz e a peridural não me deixava sentir nada da cintura para baixo.
Minha pressão que normalmente é 10/8 estava a 20/18 e aquela luz da sala de cirurgia mais o som do "pi-pi-pi", me fez pensar que eu era paciente do Dr.House.
O anestesista era lindo... acho que fizeram de propósito... (qualé! eu tinha 20 anos uai!)
O médico que fizera os partos posteriores de minha mãe também estava a fazer o meu... e estava se tornando quase que um "avô". A conversa dele com outros 2 médicos (o filho e mais um outro que viria me atender posteriormente, já que o meu médico sairia da sala de cirugia direto para uma viagem á Africa do Sul) conversavam sobre "feijoada" e eu prestando atenção ao barulhinho dos sugadores.
De repente um gemidinho... Estava no mundo pois a minha Princesa, exatamente as 20h45min.
A enfermeira veio com ela próximo a mim, e eu lhe encontei o nariz e disse: bem vinda!
Aí então cresci, e lhe nomeei:
SURI - do hebraico , MINHA ROCHA!
do aramaico: MINHA PRINCESA
do farsi (persa): ROSA VERMELHA.
Fui para a sala de recuperação: naquela noite, pelo frio, todos os bebês precisaram ir ao CTI, menos a MINHA ROCHA. 48 cm, 3,075gr.
Vpltei de maca ao quarto ouvindo as enfermeiras dizerem que eu me parecia com a "Sabrina Sato" (hahahahahah...pode rir: eu tinha o cabelo pela cintura e com luzes - agradeci o "elogio", pois havia acabado de parir e ouvi como resposta: "não, mas é só o rosto"... #paridadadepressão.)
Quando cheguei ao quarto, ainda de sonda e nua em meio a tantos aparatos, mandei que me trouxessem a Suri.
Quando ela chegou, olhei cada partezinha dela, senti cheirinho e seus tufos e mais tufos de cabelo como que de um cachorrinho novo.
Quando o bebê nasce, ainda não o amamos. é exatamente como um cachorrinho novo: você quer estar perto dele e protegê-lo, mas o amor virá com a convivência.
O leite resolveu descer e tive problemas em amamenta-las graças aos meus "polêmicos mamilos" invertidos: então eu tirava o leite todos os dias: (2l de cada leite: pela manhã e pela noite...4l por dia: quase uma "Parmalat' em casa...)
Não saia de casa, e assim que foi possível (1 mês mais ou menos), levava a Suri a tiracolo para todos os lugares: quantas fotos não tenho de suri dormindo em meu canguru e eu tocando horrores da cabeça dela na orquestra? E quando dancei nummusical em que ela ficava também no canguru para que eu marcasse passos; entrava no teatro comigo as 14h, meus pais a buscavam as 19h30, eu me apresentava as 20h e voltava para casa as 2h.
E as vezes que ela me acompanhou e aos meus amigos a algum barzinho... dando suas primeiras abocanhadas babadas na batatinha frita.
Suri foi crescendo e me pedindo mais cuidados, consequentemente, mais dinheiro.
Tenho hoje essa vida louca e normal que vocês bem conhecem: trabalho um monte e estudo idem para não dever nada para ninguém. Hoje, não vejo mais minha vida sem ela e não a vejo como impecílio: não conheço outra vida: Mesmo como Mãe, passei em 2 univerdidades públicas (Federal do Mato Grosso do Sul, onde estive por um anos e UNICAMP , presente momento.)
Não deixo de ir á festas, de fazer minhas maluquices, de "brincar com meus amiguinhos/as", de cultivar e conhecer novos lugares e pessoas, e de esperar por "amores" ~sim, sinto informar-lhes, mas sua mãe bebe, dá risada, gosta, certamente de fazer sexo, de adquirir conhecimento etc.
E esses entornos da minha vida, nada tem a ver com minha maternidade, pois este é um assunto bem resolvido- tão bem resolvido que falo dele como qualquer outra coisa, ou como você comenta sobre um irmão ou sobrinho; não entendo porque algumas pessoas se sentem "sem graça" de falar a respeito de algo tão natural de mim.
Não me interessa como vai o genitor de minha filha. Eu vou bem, não o quero mal, apenas quro longe, de mim. Suri que se entenda com ela e para ela também não é nenhum tabu: ela conhece a vida assim. Nós estamos bem.
E quem disse que o modelo ideal é pai no trabalho e mamãe em casa? Acho muito mais saudável hoje: assim é que nos tornamos espelhos positivos. Até porque visamos um futuro melhor para eles.
Soa muito esquisito quando as pessoas me perguntam sobre o que as pessoas de meu convivio acham de meu status de mãe. Acham nada... ou um barato!
Quando me relaciono com alguém , nem penso em nada que não seja eu e o cara: sou mulher amancipada, e querendo ou não, a Suri tem o pai dela. Sou independente para ter um pensamento vesta de querer ~"um novo pai para minha filha", ademais, quem me chega com este tipo de abordagem me dá medo...e me faz ter vontade de corer até a respiraçào acabar e eu morrer do outro lado do mundo : impossível não se apaixonar pela Suri, mas que isso ocorra de forma natural.
Ser mãe é agregar á vida: não pular fases.
Uma terapeuta me disse uma vez que á medida que me emancipo, Suri se emancipa também.E é medonho como ela, aos 3 anos é independente.
Quem é que não se lembra da pituquinha que quis fazer fala numa das assembléias do IFCH ano passado e ainda teve o "bom senso de se abster" na votação?
E da menina que diz aos amigos universitários da mãe: "eu estudo coisas muito importantes que não dá pra explicar no momento".
Sempre simpática,tagarela, comum sorriso no rosto.
Aocontrario das igrejas que dão pano de prato "para a cozinha da mamãe" - como se són para nós fosse o serviço de casa,ou se só nos resumissemos a isso, Suri vem nos ensinar que é possível dar muitas alegrias e o futuro de uma geração que não faz tabu aquilo que é perfeitamente natural.
E tudo isso sobre minhas mãos: imagine: educar uma vida que pode se transformar em Gandhi... ou em Hittler... pensaram nisso? Ou em nada! Ou em "mais um"...
Suri será como uma rocha, que não morre e existe desde o início dos tempos em todos os ambitos de sua vida. Terá para si a admiração de uma princesa: não por protocolos, mas de uma princesa-guerreira.
Conservará pois o perfume, a beleza e a delicadeza de uma rosa vermelha.
E se algum dia, como for, desrespeitei minha mãe,nesta data tão comercial, levo a sério e peço: perdoe pois meus defeitos humanos, hoje sei que trabalho e ao mesmo tempo, que satisfação ter pois um fruto de seu próprio ventre.
D'us me conceda, apar que no futuro, eu reproduza outra vez. Em companhia de quem mereça tal dádiva e queira repartir esses bons momentos, para que me ria do passado e todos aqueles que pelo meu "estigma do pecado" disseram que eu jamais conseguria ser feliz.
E se assim não for, que eu prossiga nessa boa vida que o S'nhor me concedeu.
Feliz estou.
Para tanto, desejo-lhes:
(Suri 4 meses, Eu,aos recém completos 21 anos.)