terça-feira, 9 de agosto de 2011

Desmérito honroso

"O ser humano é cego para os próprios defeitos. Jamais um vilão do cinema mudo proclamou-se vilão. Nem o idiota se diz idiota. Os defeitos existem dentro de nós, ativos e militantes, mas inconfessos. Nunca vi um sujeito vir à boca de cena e anunciar, de testa erguida: - 'Senhoras e senhores, eu sou um canalha'." 
(Nelson Rodrigues)


Banho tomado, cabelos penteados, perfume manipulado exclusivamente para a minha pessoa mas se rasgardes minha barriga e olhares minhas entranhas, verás que dentro de mim há bile e bosta. Bile e bosta, prontas a serem expelidas depois de uma ressaca ou de uma "dor-de-barriga".
Sou estranhamente humana: cheia dos mais sordidos defeitos; e mesmo assim finjo não os ver; o meu orgulho me faz pisar em vossas cabeças quando encontro-me num "Eu Superior"; mas ao empinar o nariz, ver-se-á catotas verde-amareladas.
Há tanta cera nos meus ouvidos que sou incapaz de ouvir as besteiras que saem da minha boca, ou de ouvir as virtudes de outrem, já que outrora, as minhas, tão pequeninas já foram exaltadas.
O meu vocabulário culto, de perto é sucumbido pelo cheiro do mal hálito matinal.
Se calçar sandálias, verão meus dedos tortos e minhas unhas mal limpas.
E ainda assim, apego-me a vaidade.
Se há um pedido válido? Desculpe-me. Mas há desculpa? Não há mais desculpas. Nenhuma.
Cultivei cada um dos meus "Eu's porcos" por cada um de meus dias até hoje.
É chegada a hora de limpar o vômito, fazer uma lavagem,assoar as narinas, usar cotonetes, escovar os dentes e calar-se. Eximir-se da ação e partir apenas para o olhar para que se aprenda: pois mais valioso que o ensinamento é o silêncio, pois é nele que se reflete.
E nem essas palavras aqui descritas, já não passam mais do que chorume, do qual me lembuzei do mesmo e agora lavo os vossos rostos.
In-Felizmente, agora já não há mais máscara: a 'ninfa' desceu do Olimpo e mostrou tomou seu lugar no Hades, deliciando-se com carniça e lambendo seu suco entre os dedos. Está gorda, cheia de celulites, usando trapos, descabelada, coçando as 'partes'.
Onde estão pois os valores? Uso-me do lixo para a reciclagem; mas isso não significa que não deixo de ter minha parte lixo!
E não me apegarei ao lixo do outro. Não adianta: não fui eu quem fiz as compras do vizinho; logo, inda que a csta dele transborde mais do que a minha, não é em minha casa que os ratos comerão os restos da família dele.
E... minha cesta anda bem cheia...
BURRA! BURRA! BURRA! IGNORANTE!
Recomponha-se!

 
Pois bem, fidedigna á minha prórpia porcaria, defenderei aqui minha última chance, meu último momento de honra:

'Senhoras e senhores, (reconheço:) eu sou um canalha'. (clique para ouvir)

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