quarta-feira, 27 de abril de 2011

O Bandejão e a "Passarela da Desilusão".

Dia desses fiz o exercício de bandejar sozinha como faria a Colombina num dia em que estivesse muito deprimida... e "mezzo" consegui , pois fui salva pela companhia dos amigos. - Odeio comer sozinha.
Nos instantes em que "consegui" fazer tal proesa, sentei-me virada para a "Passarela da Desilusão": sim, é assimn que chamo a bela passarela onde "desfilamos" até descer para as mesas lá embaixo.
Mas dessa vez estava apenas como expectadora.
Vi muitas meninas, que assim como eu, viradas para lá a procura de "algum alguém".
Em 6 meses de Unicamp , assustei-me ao tentar contar quantas vezes eu havia me sentado "desiludida" a olhar para cima durante as refeições.
O primeiro passo pois é a catraca: onde aproveitamos os esbarrões e depois a pia onde damos nosso primeiro "oi"; aí segue:
Lembrei da primeira vez , que resolvi "dar o troco" num rapazinho que disse para mim que eu "era apenas um experimento" e que ele "demorava de 3 a 6 meses para se apaixonar- por isso mesmo cairia fora antes"; e, fazendo-se de bom todos os dias, indo comer na minha frente, um dia resolvi dar uma de "louca" e fazer uma "intervenção artística" com cerveja, batom vermelho, um leque e sentada sobre a mesa... (muito aplaudida por sinal: e sim- sou eu- você já deve ter ouvido essa história, "do projeto de engenheiro que disse que o IFCH só serve para fazer revolta, o IA para fazer nada e o IEL para fazer greve"- me empenhei tanto em queimar o coitadinho que até hoje ele sofre buliyngs diversos- mas eu já não tenho mais controle sobre isso...).
Nessa vez inclusive , fiz amizade com um grande amigo, que "assistindo" ao meu "show", quis saber do que se tratava e ainda fez o favor de mentir para o "tiozinho" da porta do "bandeco", dizendo que ia pegar um "guarda-chuvas" que havia esquecido, e voltou lá dentro, tocou o ombro do rapaz e disse: "Você é um grande FDP!"~ e como resposta teve um "Obrigada" do "franguinho".
Mas não te assuste: já passei dessa fase "tão vingativa". (mas meu ascendente ainda é escorpião, muito embora canceriana... cuidado...hehe)
Tentei lembrar das quantas vezes que tive de "adaptar" os horários de minhas refeições para poder apenas avistar a "nobre presença" que eu, "atiradora". quis apenas admirar.
Um deles "bandejava" as 11h30 da manhã (e eu corria a sair da aula mais cedo); outro, bandejava tarde: das 13h30 , 13h45 ou mais, me fazendo morrer de fome ou me atrasar para as aulas. Tinha um outro ainda que era britânico: 19h em ponto adentrando ao "Bandeco".Dava para fazer contagem regressiva dos passos dele... sério!
E eu lá embaixo, como "se nada tivesse ocorrido", fazendo casualmente "sinais simpáticos" para que assim que ele descesse, viesse ao meu encontro.
Sim... inda em minha cabeça na hora que o rapaz passava tocava automáticamente "Carinhoso" - 'E os meus olhos ficam sorrindo e "pelas mesas" vai te seguindo...
Vi alguns meninos doarem suas "sobremesas" ás menininhas de seu interesse, e morri de inveja.
Também servi de vigia a amigas que queriam "fugir" de rapazinhos ou queriam "saber se ele estava lá e pra quem estava olhando". (os homens também devem fazer isso - não me tomem por doida!)
Fiquei sabendo que eu também já fui "Miss Bandejão" de um alguém... mas infelizmente não a tempo de conhecê-lo melhor...
Já me "apaixonei á primeira vista" no bandejão também; e também já esperei alguém para uma conversa intragável, tal como a "pelinha" do "frango fimose" - (sou adepta da "circuncizão"... :p)
Já me desencantei também com quem comia a refeição reclamando de um jeito estúpido e imbecil: se a pessoa não sabe ser grata na mesa, imagine na vida.
Gosto também dos papos á mesa: é aí que você tem a oportunidade de ver se são compatíveis: melhor se forem do mesmo curso: vai saber que prova , matéria e o que as "piadinhas" querem dizer - bandejar com músicos é sempre muito divertido e a digestão pela risada é garantida.
Também já "boiei" em mesa de engenheiros e tive vontade de chorar.
Já peguei suco, para poder desfilar, ver e ser vista para um mesa toda.
Tem também a "Grande Janela": Palco de "Jacksons" e "Supersmans" e também a última esperança de ver um possível affair.
E a tiazinha que vende a entrada que parece "já saber de tudo..."
Tem também o tal do "cafézinho" na saída - que dependendo da "doença" pode durar HOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOORASSSS ou até existir só ele quando "o amor é tanto" que até lhe tira a fome
... e é claro: a sombrinha de uma arvorezinha ali mesmo.
A saída do "bandeco" é a maneira mais eficaz para saber "que festa ele/a vai". Também é o lugar do desabafo e da fofoca dos amigos e do "Deixa a vida me levar" com o "sonzinho" que sempre está rolando lá.
Vi , sentada ali no "bandeco", primeiros olhares e primeiros "flertes"; vi namorados esperando suas namoradas, vi namoros recém -terminados e olhares de raiva, vi pessoas olhando para a passarela como se lá estivesse a comida e eles fossem "crítcos gastronômicos", e já vi os que já se sentam de costas: ou porque estão bem resolvidos, ou porque perderam a esperança.
Eu mesma nunca "bandejei casada".
O cafézinho é de praxe para dar um "oi" aos amigos que nunca consigo ver.
E ainda me sento na parte virada para cima, porque gosto de apreciar o movimento.Só porque sou curiosa para ficar de costas: agora, faço o horário do cardápio e da fome mesmo.

MAS,numa dessas... quem sabe...
por que não?

...ou... melhor  concentre-se no seu almoço/janta.

"Meu Bandejão , Meu Mundo"...
Tente sua sorte na próxima refeição... (clique para ouvir).


_________________
Depois desta postagem, jantei no "bandeco".
Sem pensar em nada e por incrível que pareça, "bandejei" pois virada para a esteira e na companhia de pessoas discretas.
Só me demorei no cafézinho por causa da chuva e na companhia de um amigo de longa data.
Não olhei a janela.
Acho que te "superei" por hoje, bandejão...

terça-feira, 26 de abril de 2011

Um Piano...

"Depois do almoço na sala vazia
A mãe subia pra se recostar
E no passado que a sala escondia
A menininha ficava a esperar
O professor de piano chegava
E começava uma nova lição."
Aula de Piano- Vinícius de Moraes


Comecei estudar piano aos 4 anos de idade.
Eu era uma menininha baixinha... a mais baixinha de minha turma. Meus pés não alcançavam os pedais e as teclas do piano eram demasiadamente pesadas para os meus pequenos dedinhos. Mas achava lindo.
Aos 5 anos de idade participei de meu primeiro recital: tocando pecinhas do tipo "Noite Feliz"; e até hoje, julgo que foi meu melhor concerto, deixando Tel Aviv no "chinelo".
Aos 6 anos, brinquei de esconde-esconde no conservatório, me escondi debaixo do piano e dormi... as pessoas ficaram desesperadas atrás de mim...
Aos 8 anos de idade, passei a ir sozinha para as minhas aulas.
Aos 11 anos,tentei inventar a minha primeira música.
Aos 13 anos, menstruei pela primeira vez numa aula... quase morri de vergonha, pois tinha uma paixão platônica pelo meu professor: mas ele foi uma pessoa muito cortês, me explicou o que havia acontecido e foi á primeira pessoa á me dar os "parabéns" por  ter virado "mocinha".
Aos 15 anos tive uma professora de piano que me causou traumas horríveis: do tipo fechar o tampo do piano na minha mão quando errava... resolvi me afastar dele
Aos 16 anos, fui me dedicar a flauta doce. Mas quando não conseguia visualizar uma canção, era o piano quem me tirava a dúvida.
Aos 18 anos, fiz o pior recital da minha vida em minha primeira faculdade... fiquei meio traumatizada e retardei em meus estudos.
Aos 20 anos, fiquei grávida e quando a Suri nasceu, em seu 3o dia de vida, compus a primeira canção para ele enquanto ela dormia no carrinho ao lado do piano.
Aos 21 anos, luchei o dedão do pé numa aula de balé por conta de um "chute" que dei no piano...
Hoje, aos 24 anos, sento-me a frente de um piano de cauda fazendo pois uma reflexão de minha vida.
O piano que me viu crescer, me tornar mulher, me ouviu chorar tantas vezes, me viu contar-lhe novidades alegres, me viu ficar mais perto de D'us, me viu chorar tantos amores... me viu, compor uma resenha de mim mesma...
Cada toque, em cada uma de suas teclas... cima a baixo: pretas e brancas: naturais e acidentadas é ali uma fase.
O piano muitas vezes conta muito mais minha história do que a folha de papel. E me abro pra ele: "cagueteiro" que conta atravéz de cada som, acusando o que estou sentindo.
O piano grita e não me deixa mentir, das teclas que molhei com minhas lágrimas.
Te faço pois um desabafo . Um dia quem sabe , mais do que quem eu permitir, ouvirão o que contei a você e verão mesmo ali uma conversa de amigos, companheiros...
Querido Piano, verdadeiro parceiro.


sexta-feira, 22 de abril de 2011

Mosto e Vinho

                                                    "O filho sábio ouve a instrução do pai." 
                                                             (Provérbios de Melech Shlomo.)




'Querido Filho, ou Bení Dodí como diria uma "Mamãe Judia":
Ouça agora o conselho de quem te escreve e te lê:
Seja como o mel: nunca perca a douçura;
mas saiba causar uma bela dor de estômago de vez enquando...



Ao abrires minha garrafa de vinho,
verás de mim um segredo exposto:
Todas as minhas verdades
como todas as minhas mentiras
lhe serão reveladas.

Não te assustes, pois sou aprazível.
Tenho cor, tenho aroma, tenho fragrância...
tenho tempo e muitas histórias pra contar.
Mas não se engane.

Curtida estive em tonéis de vida que me fizeram esperar
E esperar por muito para sair de lá.
Ao me engarrafarem, por vezes derramaram-me em vão,
E as vezes, de momento fino, viro abstração.

Usufrua em mim enquanto pode,
Devaneie em meus desejos,
mas saberás que mesmo tão pura
quando virdes, tornei mosto,ainda na sua boca.

Terás ali , em sua mente...
a atormentar a minha ressaca
e sobre as ordens do meu descontrole,
entenderás o valor do controle.

Tentarás livrar-se de mim no vômito,
mas dia seguinte, estarei em sua cabeça.
Ouvirás pois o som do despertador,
e ali, em meu nome, a conciência despertará suas dores.

Mas se souberdes provar de mim aos pouquinhos,
sentir meu cheiro, admirar-me, tomar-me em taça de cristal
guardar a garrafa com todo carinho,
Aí encontrarás em mim, verdadeiro deleite.

 Há em mim um mundo de delícias a ser apreciado.
Não apenas como líquido, mas como história.
Ofereço o que desde o princípio aquilo faz alegre a vida
 - Beba como homem e serei para ti, verdadeira Mulher.



quinta-feira, 21 de abril de 2011

Conjunto Vazio.

"Só sei que nada sei" -   
(Sócrates.)

Há um buraco vazio, um vácuo. 
um buraco negro sugador.
Um ...                    


não há como ser explicado;
porque é externo a mim!!! Como vou saber dizer daquilo que diz e não me diz respeito??

Desespero.

É neste momento em que a lagarta entra em seu casulo, momento mais árduo, úmido , obscuro, dolorido.
Para depois se transforma em bela borboleta, exibindo com exuberancia as asas da liberdade.

Antes porém o fundo do poço.
Eu queria gritar, mas estou rouca.
Eu queria me levantar, mas já não aguento mais o peso de meu corpo.
Eu queria o fim. Meu próprio fim.

Eu queria renascer borboleta. 

Mas ao momento me resta o prostramento,e encolhida num lugar obscuro, deixar escorrer a ácidez do meu amargor sobre o meu machucado.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Ele morreu.

"Ele foi transpassado pelas nossas transgressões e ferido pelas nossas iniqüidades;
o castigo que nos traz a paz estava sobre ele.
E pelas suas pisaduras, fomos sarados"

(Tanach - Textos do Profeta Isaiah. )



Nesta Sexta-Feira da Paixão, meu decreto é que sacrificarei a minha.
Uso de blasfêmia e do mais vil exemplo anti-semita de todos dizendo que clamo pelo holocausto deste cordeiro, como um dia disseram, que o rabinato de jerusalém condenou um nazareno a morte de cruz.
Meto-me a mão no peito e arranco o músculo inda pulsante em minhas mãos.
Ordeno ao mais animalesco dos soldados romanos que coordene sua exposição ao ridículo. 
O cuspe e o chicote , um manto sobre ele; corôo com espinhos a sua porção de realeza.
E chegando ao momento do cansaso,monstruosos pregos enferrujado o prenderão ao madeiro e ele será elevado até o ponto que desfaleça sob seu peso.
A lança lhe é fincada fazendo escorrer água ; água salgada. Banho de sangue e então a última lágrima será lançada dos Céus.


  "Eli!Eli! Lamah Sabactâni!" - "D'us meu!D'us meu! Porque me desampaste?"

Fim.
De todos os meus sentimentos.
Derramamento d'alma:  "Shlicha Adonai!" - Perdoa meu S'nhor: ela não sabe o que faz.
Do silêncio profundo, o "Olam"* -
A escuridão é densa, como a que afligiu o povo egípcio nas 10 pragas: tão densa que não se pode caminhar , mas chega a noite e vem o Shabbat (descanso) - hora de ir para casa pensar:
Não há o que ser dito. Apenas luto e eco do nada. 

...Mas:
Eis que rompe a aurora. e o inimigo está a dormir foragido.
Na alvorada do 3o dia, as duas mulheres com seus potes a quem querem super-abundar de água viva de redenção; espantam-se ante a tumba:
-"Ela está vazia!" 

-"Porque procurais os vivos dentre os mortos? "- diz o anjo jardineiro a plantar novas sementes pelo jardim.
Eis que aquilo que era Olam - Vazio converteu-se em Olam - Eternidade.
Não há alivio para o que é Eterno, nem morte para aquilo que se chama : "sempre".

Apresento-vos pois este Machiach (Messias), não o homem, mas falo deste sentimento, que ainda que açoitado , "cruxificado, morte e sepultado", renascerá a cada manhã e fará de cada uma delas um "Domingo da Ressureição".

Ventos de alegria sopram pelo jardim de outono.
As folhas secas ganham vida em seu ballet de roda-muinhos.
As frutas são fartas e doces . E o pequeno encomodo do frio é retido no calor de um abraço.

"Oh Morte!Onde está, Oh Morte, a sua Vitória?"

Ele Ressucitou.
Ele vive. E revive.


  

___________________
(*Olam, do hebraico, é uma palavra que significa "Eternidade" assim como também significa o "Vazio"- colocado em nossos corações desde o início dos tempos para que jamais nos desligassemos da busca por seu preenchimento - que só pode ser completo pela Essência d'Ele- o Amor. )

terça-feira, 19 de abril de 2011

"Eu vou te contar". ( por Fauzi Arap )

"Não declares com vossas palavras que as estrelas estão mortas só porque o céu está nublado."
                                                                                                           (Provérbio Árabe.)

...Eu vou te contar que você não me conhece
E eu tenho que gritar isso
Porque você está surdo e não me ouve
A sedução me escraviza a você
Ao fim de tudo você permanece comigo
Mas preso ao que eu criei e não amei
E não a mim
E quanto mais falo sobre a verdade inteira
Um abismo maior nos separa
Você não tem um nome e eu tenho
Você é rosto na multidão
E eu sou o centro das atenções
Mas há mentira na aparência do que eu sou
E há mentira na aparência do que você é
Porque eu não sou o meu nome
E você não é ninguém
O jogo perigoso que eu pratico aqui
Busca chegar no limite possível de aproximação
Através da aceitação da distância
Ou do reconhecimento dela
Entre eu e você
Existe a notícia que nos separa
Eu quero que você me veja nu
Eu me dispo da notícia
E a minha nudez parada
Me denuncia e te espelha
Eu me dilato
Tu me relatas
Eu nos acuso e confesso por nós
Assim me livro das palavras
Com a as quais você me veste.


                     ... Absurdo, é a cegueira. Absurdo é não se entregar. Absurdo é não viver.(Clique para ouvir)

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Poesia Urbana



"Ama o amigo e na angústia se torna um irmão."




Ao meu irmãozinho, Xegado Vinícius,
parte da minha carne, a quem ofereço o corte mais nobre:
- Músculos -
os do coração.





Amanhece,
O sol entra pela fresta da janela.
Tomo meu café, esqueço de fazer minha prece.
Já faz tempo que saio sem se quer dar um beijo nela...

Na cabeça, mil problemas para resolver.
Os neurônios são como as pessoas pelo centro a andar:
São tão automáticas que não conseguem perceber;
recebem ordens e só isso. Sem pensar.

O trânsito para, mas precisa fluir
como as coisas que meu chefe fala: 
não consigo, mas tenho de engolir.
É meu emprego em jogo: minha voz cala.

À poluição do ar eu já me acostumei;
como á minha falta de honestidade : deixei a honra de lado:
Sonego, roubo, traio, corrompo; quando vi : falei.
...Tudo bem: contra mim cometem o mesmo pecado.

Voltando para casa, no prédio espelhado, me ainda vejo de terno;
sinto inveja do mendingo dormindo na rua.
Quero fama, fortuna,sucesso; sei que nada é eterno.
não tenho tempo de olhar a lua.

Chego em casa , meu filho quer mostrar o desenho que fez na escola.
Minha esposa, conversa empolgada ao telefone com a amiga.
Eu, presto mais atenção na tevê e no meu copo de Coca-Cola.
Outdoor a noite toda a brilhar lá fora: preciso voltar ao computador: fadiga.

Silêncio da madrugada.
Recosto a cabeça no travesseiro, sem rever minha conduta.
Desligo o Semáforo, ninguém na quebrada.
Ás 6 da matina, volto á labuta.




Ma Nishtana Halaila Hazê ? *)

"Porque esa noite é diferente de todas as outras?
 Pois em todas as noites não mergulhamos alimentos sequer uma vez; porém nesta noite, duas vezes!
 Pois em todas as noites comemos todo o tipo de comida, porém nesta noite, somente matsá - o pão sem fermento!
Pois em todas as noites comemos diversas verduras, porém nesta noite, maror - erva amarga!
Pois em todas as noites comemos sentados ou reclinados, (porém) nesta noite todos nós reclinamos - nos prostramos e nos humilhamos!”




...Estas palavras que, hoje, te ordeno estarão no teu coração;
tu as inculcarás a teus filhos,e a todos quanto puderem beber de suas experiência ;
e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e ao deitar-te, e ao levantar-te.
Também as atarás como sinal na tua mão - as tuas ações, e te serão por frontal entre os olhos - as tua mente.
E as escreverás nos umbrais de tua casa- no local onde vives e nas tuas portas - para onde quer que fores .
Havendo-te, pois, a Vida, tua Essência, introduzido na terra, no conforto que, sob juramento, prometeu a teus pais, Abraão, Isaque e Jacó, te daria, grandes e boas cidades- os bons frutos, que tu não edificaste- pois ficaste em inércia;
e casas cheias de tudo o que é bom- oportunidades da vida - casas que não encheste; e poços abertos, que não abriste - conhecimeno que não quisste para si; vinhais e olivais, que não plantaste - alianças e amigos ; e, quando comeres e te fartares,
guarda-te, para que não esqueças Sua Própria Vida que te tirou da terra do Egito, da casa da servidão.


"Porque esta noite é diferente de todas as outras?" - Pergunta a menor criança ao Patriarca mais velho da mesa.
Pessach, passagem em hebraico.
Saiu o povo do Egito,onde havia algum conforto, mas onde eram escravos; passou pelo deserto aé chegar á terra prometida.
Saiu um ser humano de uma zona de escravidão, onde estava acostumado estar. Sofreu quando percebeu que teria de crescer para desabroxar...chegou á terra prometida.
A vida manda sinais: manda talvez 10 pragas e numa noite pede-lhe por sinal que passe nos umbrais de sua casa o sangue do cordeiro: do sacríficio que terás de fazer para que te sejas agraciado... e depois te manda seguir:
 Agarra pois esta oportunidade.
Faça, seja qual for a sua passagem.
A estagnação é por vezes confortável, mas não é Feliz.
Não deixe para amargar mais tarde os grilhões do Egito.
Atrevasse a ir para o Deserto.
Atrevasse a amargar a dor e a falta do fermento no pão.
Antes que seja tarde.
Ouça esta voz, não como mais um post de internet.

sábado, 16 de abril de 2011

Mais que o ouro.

O reino dos céus é semelhante a um tesouro escondido no campo, que um homem, ao descobrí-lo, esconde; então, movido de gozo, vai, vende tudo quanto tem, e compra aquele campo.
(Versos Bíblicos.)



                                              "O Teu Leão é meu Câncer,
                                               - Mais valia -
                                                      que devorou toda a minha inspiração."


Tocou o Sol, coisa amarela, enterrada no chão.
refletiu tal coisa, encheu o lugar, mostrou seu quinhão.
Pepita de ouro, mas não o tesouro:
o meu coração.

Palavra "batida",parece.
Mas há pensar num músculo,a bombebar pelo corpo
todo o sangue; o sustém assim
e o faz em forma de prece.

Lá esteve desde que nasci,
todos os seres tem. E daí?
Segue que a correria da vida
os impede de tocar na ferida.

Encontrei pois o tesouro, comprei o terreno.
Eis que o vejo face a face.
agora que estou rica
não deixarei que passe.

O ouro é pesado:
tanto para quem o tem,
tanto para quem o retém
segurá-lo a esmo, também é enfado

e quando vem aos montes
e não estás preparado?
que faria tu com tantos bens?
que comprarias? não desconfias de tanto? não te parece barato? 

Sucede que a riqueza é infinda
e não pode ser suprimida.
quero dar -lhe bem maior, ofereço a ti, oferta que não expira.
Guardá-la, me deixaria inda mais deprimida.

Mas o Reino dos Céus é Shalom
paz que reina, paz que encontro
regozigio no que é bom.
Reino dos Céus é um estado, um ponto.

Não sei se o que exprimo é direito.
não sei como expor...de que jeito?
Dos Céus ao Inferno.
Queria invés de abatimento, ainda conservasse o sorriso terno

Desejo-lhe que encontre também o seu tesouro,
inda que distânte, que lhe tenha afeto,
que lhe floresça no campo,
que lhe seja tanto, infinito: duradouro.

Tudo isso o faz afastar-se por direito;
Mas segue a vida, guiada pelo cheiro da flor.
O Reino dos Céus é perfeito
pois perfeito assim, é o Amor.

Sou rica, de nada tenho falta,
mas repito sozinha, a mesma pauta.
Este reino meu, todo compartilharia,
apenas dissesse você , que queria.

Sigo com o peso do ouro,sigo com o peso do Amor (clique para ouvir) 

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Atlas - O Mundo nas mãos.

Hoje gostaria de escrever algo sem que usasse o nariz de Colombina... porque agora já não há mais diferenciação entre ela e eu.
Imagino sempre de Colombina uma mulher muitom fina: podendo viajar o mundo, conhecendo e bebendo de todos os tipos de fonte do saber.
Imagino-a fazendo isso serenamente, usando roupas em tons pastéis, um chapéu na cabeça... Colombina pra mim é quase uma francesa.
Mas unindo o meu universo ao dela: das viagens e de tudo, lembro-me de uma cena , em que numa de minhas andanças, no museu do Vaticano, parei para observar por um bom tempo a figura do Atlas - da mitologia grega, o pobre coitado fadado a segurar o mundo.
Eu tinha ternos 16 ou 17anos e achei aquela figura belíssima e pesada.
"Segurar o mundo" - ecoou a frase em minha cabeça...
Fico imaginando se naquele momento - em que "era feliz e não sabia"- estivesse lá a pobre-vivida Colombina.
Que Mundo! Seu Mundo... que mundo carregas?
ou...pior:
"Qual o peso do mundo para você?"...
Colombina certamente pararia ali por horas muito maiores de que parei... para se ter noção, naquele dia tive de pedir ajuda a polícia Suíça, porque me perdi do guia e do grupo por tanto espanto e encantamento que aquela figura do Atlas me trouxe.
Todos vez ou outra, nos encontramos Atlas as vezes...
o que, em realidade é absurdo: porque se vivemos no mundo, deveriamos também sermos carregados.
Por que tomar para si todo este peso?
A dor, o encomodo que causa o peso , é angústia: a angústia é um estado de espírito deteriorante: como o peso do mundo já deve ter causado ao Atlas uma corcunda eterna.
A vida nos ensina a lidar com o peso.A vida nos ensina a superar a dor do peso, no sentido de que não o carregaremos para sempre: mas mesmo nos tornando mais fortes, o peso continua sendo peso.
E cada um conhece o quão resistente é.
As pessoas depois que te veem calejado e musculoso imaginam que uma picada de formiga ,não o afetará. Sucede que pode ser que haja em ti rejeição á picada... e aí?
Atlas aguenta o Planeta Terra. Mas quer dizer que por isso aguentaria Júpiter? E se dessem a ele a função de   segurar a lua: pequena e encomoda, como ele se sairia?
A Terra tem o peso que o Atlas pode suportar.
Outra questão: não é porque está lá, abaixo de nossos pés ha anos que ele deve continuar lá: peso...é sempre peso, mais uma vez eu digo.
O peso, peso que a vida dá, peso que carregamos, peso que sadicamente resolvemos carregar.
Peso , peso,peso....
quisera eu segurá-lo com alegria,
quisera eu não ter de segurar nada.
Novamente, meus olhos de 16 anos me volvem á memória : alguém pra segurar tudo... pra aguentar tudo... e ninguém notar.
O peso de ser usado como segurador de um peso que não é seu.
Se tens fé na pluralidade de deuses, no mínimo, esta noite, agradeça a Atlas por aguentar seu peso e de todo o seu mundo.
Me contento e me seguro:Colombina é a mulher fina de sempre numa viagem , apreciando arte/ para as pessoas eu era apenas uma menininha a observar uma figura...
A calmaria , frescor da juventude... mal sabiam o que maquinava em minha mente.
Silêncio externo (clique para ouvir.) ... desespero.

terça-feira, 12 de abril de 2011

Tenho contigo esta dança

"Á você, meu querido,
com quem venho trocando passos
e , com quem, um dia,
espero bailar, de fato."

Ao amarrrar a fivela dos sapatos de baile de salão,
Colombina escreve assim:


Tenho contigo esta dança
Essa troca de olhares em malícia
que fulmina no dedo a aliança
Querendo, alcançar ser eu, primícia.

Tenho contigo esta dança
Que do olfato expira desejo
Me põe os pés , a ponta, mas me tiram o equilibrio e me fazem balança
E os teus braços rapidamente socorreram, e me seguraram na firmeza de um beijo


Tenho contigo esta dança
de volver ao flerte, a mesma conversa,
do "iogurte estragado" á inércia
Que ignoro calmamente, num sorriso de criança

Tenho contigo esta dança
de que mesmo quando me evitas, não podes disfarçar
Pensas-te em mim : posso notar
E não tenho pressa: "Quem espera (clique para ouvir) sempre alcança".

domingo, 10 de abril de 2011

Soneto ao Domingo Gaúcho

"e com a vagareza de um domingo,
seguem meus pensamentos junto a ti."

Te aprochegue, caro amigo leitor;
Puxe um cepo e conte os causos
Pois dizem que prozear cura a dor
Mas não tira da vida os teus percauços.

Vamos falar de amores e de Tempo.
Do relampejar na comuna do vizinho
Da inverna cortando em vento
E da saudade do "meu bichinho"

Pega ali um toco do cerne da arueira
Para que possamos alongar a prosa
Amanhã já encosta a segunda-feira.

E por favor, não pergunte da 'morena rosa'
Pega lá o chimarrão naquela prateleira,
Vamos amargar essa falta de troca  com erva nova.

Ah coração (clique para ouvir)   (Decimar Biangini)

domingo, 3 de abril de 2011

Laranjas Amanteigadas

Ah... que Colombina não seria Colombina sem sua vida boêmia...
Da boemia, a bebida, da bebida, os amigos, com os amigos, alegria.
Toma-se por completo o ímpeto nas massa: tal como a fúria de uma música , o ato da expiração e da inspiração é acometido por todos: manda agora , em seus corpos, o alcool.
E se in vino veritas começa o vômito.
O vômito não só do fruto das entranhas, mas o vômito de vosso ser e de vossa verdade.
O ser humano embriagado é capaz de, tal como furacão, implodir e tornar em ruínas em segundos o que sóbrio jamais teria criatividade para fazer-lo.
Explosões: e não malignas, mas positivas: Há que se saber que a alegria incontida é estado ápice de uma vida e que esta, desejo: seja sempre extravazada.
Fala a boca do que está cheio o coração e mais uma explosão. A língua é no corpo, o órgão mais poderoso e mais forte - e vomito, outra vez.
Grito incontido, risadas escrachadas, criatividade ébria uma vez mais.
De tão suja, vê-se o espanto. E aqui, lavrei.
Fratura exposta, porque nudez é detalhe : e jogamo-nos todos.
Dia seguinte, volve realidade.
O chão grudento, as bebidas derramadas, cinzas e cinzas mil. Deitados, estilhaçados, largados todos.A cadelinha se aproveita do calor humano em algum "vão" de homem.
O corpo cobra a farra... e paira o silêncio. Quebrado pelo ronco d'algum.
Na cozinha , "kglufejklvraghlcnaleriouceoriyfnatiouishlcerkmej;nfoisturfjkcak;fa;iustds" inexplicável e sobre a pia, algo de sobremodo espantoso: Uma fatia de laranja embebida de manteiga. Por que alguém faria isso?
Sabe lá, ou diga-me lá você, caro leitor.
Surtiu que me arrancou da indignação um sorriso e um leve balançar da cabeça.
Deve-me ser bom agouro.
Uns chamam de simples acaso,
...Outros chamam de Sorte... (Clique para ouvir)


Eis que hoje, "biscoitinho",minha Sorte se encontra em você...